ROCHAS ORNAMENTAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Ø
O que são
rochas ornamentais?
A
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define rocha ornamental como
uma substância rochosa natural que, submetida a diferentes graus de modelamento
ou beneficiamento, pode ser utilizada como uma função estética qualquer.
Rocha
de revestimento, por sua vez, é qualificada pelo órgão como material rochoso
passível de desdobramentos e beneficiamentos diversos com emprego em
acabamentos de superfícies de paredes e pisos em construções civis.
A
American Society for Testing and Materials (ASTM), órgão normatizador
americano, define dimension stone (pedra ornamental) como qualquer
material rochoso natural serrado, cortado em chapas e fatiado em placas, com ou
sem acabamento mecânico, excluindo produtos acabados baseados em agregados
artificialmente constituídos, compostos de fragmentos e pedras moídas e
quebradas.
Frascá
(2002), com base nos conceitos da ABNT (1995) e ASTM (2003), entende rocha para
revestimento como “um produto de desmonte de materiais rochosos e de seu
subsequente desdobramento em chapas, posteriormente polidas e cortadas em
placas”. Costa et al. (2002) conceitua rocha ornamental e de
revestimento como tipos litológicos extraídos em blocos ou chapas, que podem
ser cortados em formas diversas e beneficiados através de esquadrejamento,
polimento e lustro.
Para
Mattos (2002), uma rocha para ser considerada ornamental deve apresentar como
requisitos básicos beleza estética, ou seja, homogeneidade textural e
estrutural, e possuir características tecnológicas dentro de padrões aceitáveis
pelas normas técnicas.
Uma
definição de mercado são as “pedras naturais”. Abrangem rochas extraídas a
partir de seu desplacamento, através de planos naturais de fraqueza, e são
empregadas in natura como placas ou lajotas, sem qualquer polimento, em
revestimentos (Mattos, 2002; Mendes & Vidal, 2002). Estas incluiriam,
segundo os autores, quartzitos foliados, gnaisses milonitizados, ardósias,
arenitos estratificados, e até calcários laminados.
Neste
sentido, depreende-se das definições supracitadas que o conceito de rocha
ornamental e de revestimento está baseado, sobretudo, em um método de extração
e possibilidade de aplicação, conjugados a fatores estéticos, não importando a
princípio seus aspectos genéticos e composicionais. Fica patente que qualquer
material pétreo natural, passível de extração como bloco e com possibilidades
de desdobramentos em chapas, com ou sem beneficiamento, pode ser considerado
potencialmente uma rocha ornamental ou de revestimento.
Comercialmente,
as rochas ornamentais são definidas essencialmente à luz de duas principais
categorias, que são os “granitos” e os “mármores”, distinguidas com base na sua
composição mineralógica. Os granitos abrangeriam as rochas silicatadas, ou
seja, formadas por minerais estruturalmente constituídos por tetraedros de SiO4, ao
passo que os mármores incluiriam as rochas composicionalmente carbonáticas.
Segundo
Vidal (2002), estas duas categorias de rochas respondem largamente pelas
variedades de rochas ornamentais e de revestimento comercializadas,
representando cerca de 80% da produção mundial. No Brasil, dados da
ABIROCHAS/CETEM (2002) indicam que os “granitos” correspondem a 57% da produção
nacional de rochas ornamentais, enquanto apenas 19% são relativos aos
“mármores”.
As
demais categorias, não menos importantes, correspondem os quartzitos, as
ardósias, os serpentinitos, os esteatitos, os arenitos e os conglomerados.
Entretanto, observa-se uma tendência do mercado de descrever comercialmente
algumas dessas variedades como “granito”, em função simplesmente de
apresentarem comportamento típico da categoria nos processos de extração,
desdobramento e beneficiamento. Costa et al. (2002) cita como exemplos o
Quartzito Azul Imperial e o Quartzito Rosinha do Serro, rochas
com alto grau de recristalização, granulação fina e textura granoblástica, que,
obtidos a partir de blocos, aceitam desdobramentos em teares e lustro e
polimentos de chapas.
Estes
autores acentuam ainda, que, sob certas condições, são utilizados nas mesmas
aplicações dos granitos e chegam a ser até mais valorizados no mercado.
Salientam também que tecnologicamente apresentam dados comparáveis ou melhores
do que muitos granitos, isotrópicos ou movimentados.
Relativamente
aos mármores, os granitos, pela sua grande diversidade estético-decorativa e,
em geral, maior resistência às solicitações de uso, sejam elas naturais ou
artificiais, são muito mais utilizados, sendo empregados em uma gama maior de
situações.
Ø Tipos e variedades
Mármores: rochas calcárias ou dolomíticas, sedimentares ou metamórficas,
que possam receber desdobramento seguido de beneficiamento (polimento ou
apicoamento);
Granitos: grande variedade de rochas silicáticas de origem tanto ígnea
quanto metamórfica, rocha não calcária ou dolomítica, que apresenta boas
condições de desdobramento, seguida de beneficiamento (polimento, apicoamento
ou flameamento);
Rochas para revestimento: rochas naturais que, submetidas a processos diversos e graus
variados de desdobramento e beneficiamento, são utilizadas no acabamento
de superfícies, especialmente em pisos e fachadas, em obras de
construção civil;
Rochas ornamentais: material rochoso natural submetido a diferentes graus e/ou tipos
de beneficiamento ou afeiçoamento (bruta, aparelhada, picotada, esculpida ou
polida) utilizado para exercer uma função estética.
Ø Fases do processo de
produção de rochas
·
Beneficiamento
O beneficiamento de rochas ornamentais refere-se ao desdobramento
de materiais
brutos extraídos nas pedreiras em forma de blocos. Os blocos, com
dimensões normalmente variáveis de 5m3 a 10m3, são beneficiados sobretudo
através da serragem (processo de corte) em chapas, por teares e talha-blocos,
para posterior acabamento até sua dimensão final.
·
Serragem em teares
A serragem nos teares é executada através de um quadro com fixação
de lâminas
de aço paralelas, que desenvolvem movimentos retilíneos,
pendulares ou curvoretilíneo-curvo sobre a rocha. O processo de serragem nos
teares é auxiliado por uma polpa de água, cal e granalha, despejada continuamente
sobre a rocha, para otimização do corte e resfriamento das lâminas.
·
Acabamento de superfícies
Após a serragem, o passo seguinte do beneficiamento é o acabamento
final das
chapas. Esse processo é realizado por meio de levigamento
(desbaste), polimento e lustro. O desbaste representa o desengrossamento das chapas,
com a criação de superfícies planas e paralelas. O polimento produz o desbaste fino
da chapa e o fechamento dos poros entre os grãos minerais, criando uma
superfície lisa, opaca e mais impermeável que a de uma face natural da mesma
rocha.
Ø Rochas ornamentais no Brasil
O Brasil está entre os cinco maiores
produtores mundiais de rochas ornamentais. Empregadas como elemento estrutural
de monumentos, na fabricação de concreto e na construção civil, o uso das
rochas ornamentais teve seu início quando o homem utilizava as cavernas para
abrigo e proteção.
O Brasil e o Espírito Santo são grandes
produtores de rochas ornamentais. O estado é o maior exportador brasileiro,
sendo responsável por 65% das exportações do país em 2006. A maior cidade da
região sul do Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim, é conhecida
nacionalmente pela produção de rochas ornamentais, destacando-se pelo
pioneirismo no setor.
·
Principais países produtores de
blocos de mármores e granitos: Itália, China, Espanha, Índia, Brasil, Portugal
e Grécia. Juntos, esses países respondem por 57% da produção mundial, segundo
dados do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais.
Ø Uso das rochas ornamentais na
construção civil
Normalmente as rochas ornamentais são
materiais adequados para projetos de urbanização, arte funerária e edificações
ou residências, sendo a infinidade de usos e características seu ponto
marcante, fato este que confere uma personalidade única a cada peça ou conjunto
de peças utilizada. O possível emprego destes materiais e os locais de sua aplicação
são tão diversos como suas cores. A seguir, citamos algumas aplicações mais
comuns:
·
Revestimento de Pisos;
·
Revestimento de Escadas;
·
Revestimento de Paredes;
·
Revestimento de Fachadas;
·
Bancadas de Pias e Lavatórios;
·
Móveis e Tampos;
·
Peças de Decoração;
·
Colunas Maciças;
·
Arte Funerária.
·
Urbanização de Praças e Jardins
Ø
Movimentação e estocagem das placas polidas
As peças de rochas ornamentais, após o
polimento, devem receber um tratamento cuidadoso. Sua movimentação e estocagem
ainda na marmoraria requer cuidados especiais, de extrema importância para a
qualidade final do produto. Quando as peças chegam à obra, devem ser tomadas
providências para que a sua movimentação e estocagem no canteiro da obra
ocorram de modo a não expô-las a riscos de quebras e agressões externas.
Deve-se ter o máximo de cuidado
ao retirar uma placa da máquina, ao transportar as placas, principalmente os
materiais frágeis com tela e mármores importados. O cuidado deve ser redobrado
na movimentação de peças prontas, pois o custo sobre esta é em torno de três
vezes maior que a placa, visto que envolveu tempo, mão de obra, insumos e
matéria prima.
A área de movimentação das peças
deve ter um pavimento liso, regular, sem buracos ou imperfeições. Pisos
irregulares, com buracos ou com inclinações podem gerar acidentes, quebra de
placas e atraso na movimentação das peças.
É importante que as placas de
rochas, primordialmente, quando transportadas, estejam apropriadamente
embaladas. Quando da impossibilidade disto ocorrer, recomenda-se os seguintes
cuidados:
·
As peças, durante o transporte
para o canteiro da obra, devem ser mantidas na posição vertical;
·
As peças não devem estar em
contato, em qualquer de suas extremidades, verso ou anverso, com água ou
umidade, ou qualquer tipo de substância agressiva, até o momento do
assentamento;
·
As placas devem ser armazenadas
verticalmente (figura 1), com duas ou mais tiras de espaçadores (filmes ou
laminados plásticos; isopor; poliuretano expandido; polipropileno ou plástico
polibolha; papéis incolores, como por exemplo: papel manteiga, papel de seda,
etc.) entre elas. Quando houver impossibilidade de utilização destas tiras,
deve-se evitar de algum modo o acúmulo de poeira sobre e entre as partes
polidas das placas de rochas;
Figura 1
·
Sugere-se que o ambiente de estocagem
das placas, seja de acesso restrito e controlado, tendo-se em vista a
integridade e a preservação das peças, bem como sua segurança;
·
Sugere-se também que as peças sejam
colocadas em local elevado em relação ao solo; e apoiadas sobre uma base ou
lastro de madeira inerte (Pinus), para evitar infiltrações nas placas e a
liberação de pigmentos, que manchem as peças;
·
As peças de dimensões maiores,
quando houver impossibilidade de estarem embaladas, devem ser armazenadas em
cavaletes, feitos com madeira inerte ou envolvidos por materiais plásticos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário