terça-feira, 9 de agosto de 2016

ROCHAS ORNAMENTAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

ROCHAS ORNAMENTAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Ø   O que são rochas ornamentais?

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define rocha ornamental como uma substância rochosa natural que, submetida a diferentes graus de modelamento ou beneficiamento, pode ser utilizada como uma função estética qualquer.
Rocha de revestimento, por sua vez, é qualificada pelo órgão como material rochoso passível de desdobramentos e beneficiamentos diversos com emprego em acabamentos de superfícies de paredes e pisos em construções civis.
A American Society for Testing and Materials (ASTM), órgão normatizador americano, define dimension stone (pedra ornamental) como qualquer material rochoso natural serrado, cortado em chapas e fatiado em placas, com ou sem acabamento mecânico, excluindo produtos acabados baseados em agregados artificialmente constituídos, compostos de fragmentos e pedras moídas e quebradas.
Frascá (2002), com base nos conceitos da ABNT (1995) e ASTM (2003), entende rocha para revestimento como “um produto de desmonte de materiais rochosos e de seu subsequente desdobramento em chapas, posteriormente polidas e cortadas em placas”. Costa et al. (2002) conceitua rocha ornamental e de revestimento como tipos litológicos extraídos em blocos ou chapas, que podem ser cortados em formas diversas e beneficiados através de esquadrejamento, polimento e lustro.
Para Mattos (2002), uma rocha para ser considerada ornamental deve apresentar como requisitos básicos beleza estética, ou seja, homogeneidade textural e estrutural, e possuir características tecnológicas dentro de padrões aceitáveis pelas normas técnicas.
Uma definição de mercado são as “pedras naturais”. Abrangem rochas extraídas a partir de seu desplacamento, através de planos naturais de fraqueza, e são empregadas in natura como placas ou lajotas, sem qualquer polimento, em revestimentos (Mattos, 2002; Mendes & Vidal, 2002). Estas incluiriam, segundo os autores, quartzitos foliados, gnaisses milonitizados, ardósias, arenitos estratificados, e até calcários laminados.
Neste sentido, depreende-se das definições supracitadas que o conceito de rocha ornamental e de revestimento está baseado, sobretudo, em um método de extração e possibilidade de aplicação, conjugados a fatores estéticos, não importando a princípio seus aspectos genéticos e composicionais. Fica patente que qualquer material pétreo natural, passível de extração como bloco e com possibilidades de desdobramentos em chapas, com ou sem beneficiamento, pode ser considerado potencialmente uma rocha ornamental ou de revestimento.
Comercialmente, as rochas ornamentais são definidas essencialmente à luz de duas principais categorias, que são os “granitos” e os “mármores”, distinguidas com base na sua composição mineralógica. Os granitos abrangeriam as rochas silicatadas, ou seja, formadas por minerais estruturalmente constituídos por tetraedros de SiO4, ao passo que os mármores incluiriam as rochas composicionalmente carbonáticas.
Segundo Vidal (2002), estas duas categorias de rochas respondem largamente pelas variedades de rochas ornamentais e de revestimento comercializadas, representando cerca de 80% da produção mundial. No Brasil, dados da ABIROCHAS/CETEM (2002) indicam que os “granitos” correspondem a 57% da produção nacional de rochas ornamentais, enquanto apenas 19% são relativos aos “mármores”.
As demais categorias, não menos importantes, correspondem os quartzitos, as ardósias, os serpentinitos, os esteatitos, os arenitos e os conglomerados. Entretanto, observa-se uma tendência do mercado de descrever comercialmente algumas dessas variedades como “granito”, em função simplesmente de apresentarem comportamento típico da categoria nos processos de extração, desdobramento e beneficiamento. Costa et al. (2002) cita como exemplos o Quartzito Azul Imperial e o Quartzito Rosinha do Serro, rochas com alto grau de recristalização, granulação fina e textura granoblástica, que, obtidos a partir de blocos, aceitam desdobramentos em teares e lustro e polimentos de chapas.
Estes autores acentuam ainda, que, sob certas condições, são utilizados nas mesmas aplicações dos granitos e chegam a ser até mais valorizados no mercado. Salientam também que tecnologicamente apresentam dados comparáveis ou melhores do que muitos granitos, isotrópicos ou movimentados.
Relativamente aos mármores, os granitos, pela sua grande diversidade estético-decorativa e, em geral, maior resistência às solicitações de uso, sejam elas naturais ou artificiais, são muito mais utilizados, sendo empregados em uma gama maior de situações.

Ø   Tipos e variedades

Mármores: rochas calcárias ou dolomíticas, sedimentares ou metamórficas, que possam receber desdobramento seguido de beneficiamento (polimento ou apicoamento);
Granitos: grande variedade de rochas silicáticas de origem tanto ígnea quanto metamórfica, rocha não calcária ou dolomítica, que apresenta boas condições de desdobramento, seguida de beneficiamento (polimento, apicoamento ou flameamento);
Rochas para revestimento: rochas naturais que, submetidas a processos diversos e graus variados de desdobramento e beneficiamento, são utilizadas no acabamento
de superfícies, especialmente em pisos e fachadas, em obras de construção civil;
Rochas ornamentais: material rochoso natural submetido a diferentes graus e/ou tipos de beneficiamento ou afeiçoamento (bruta, aparelhada, picotada, esculpida ou polida) utilizado para exercer uma função estética.

Ø   Fases do processo de produção de rochas

·         Beneficiamento
O beneficiamento de rochas ornamentais refere-se ao desdobramento de materiais
brutos extraídos nas pedreiras em forma de blocos. Os blocos, com dimensões normalmente variáveis de 5m3 a 10m3, são beneficiados sobretudo através da serragem (processo de corte) em chapas, por teares e talha-blocos, para posterior acabamento até sua dimensão final.
·         Serragem em teares
A serragem nos teares é executada através de um quadro com fixação de lâminas
de aço paralelas, que desenvolvem movimentos retilíneos, pendulares ou curvoretilíneo-curvo sobre a rocha. O processo de serragem nos teares é auxiliado por uma polpa de água, cal e granalha, despejada continuamente sobre a rocha, para otimização do corte e resfriamento das lâminas.
·         Acabamento de superfícies
Após a serragem, o passo seguinte do beneficiamento é o acabamento final das
chapas. Esse processo é realizado por meio de levigamento (desbaste), polimento e lustro. O desbaste representa o desengrossamento das chapas, com a criação de superfícies planas e paralelas. O polimento produz o desbaste fino da chapa e o fechamento dos poros entre os grãos minerais, criando uma superfície lisa, opaca e mais impermeável que a de uma face natural da mesma rocha.

Ø   Rochas ornamentais no Brasil

O Brasil está entre os cinco maiores produtores mundiais de rochas ornamentais. Empregadas como elemento estrutural de monumentos, na fabricação de concreto e na construção civil, o uso das rochas ornamentais teve seu início quando o homem utilizava as cavernas para abrigo e proteção.
O Brasil e o Espírito Santo são grandes produtores de rochas ornamentais. O estado é o maior exportador brasileiro, sendo responsável por 65% das exportações do país em 2006. A maior cidade da região sul do Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim, é conhecida nacionalmente pela produção de rochas ornamentais, destacando-se pelo pioneirismo no setor.

·         Principais países produtores de blocos de mármores e granitos: Itália, China, Espanha, Índia, Brasil, Portugal e Grécia. Juntos, esses países respondem por 57% da produção mundial, segundo dados do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais.

Ø   Uso das rochas ornamentais na construção civil

Normalmente as rochas ornamentais são materiais adequados para projetos de urbanização, arte funerária e edificações ou residências, sendo a infinidade de usos e características seu ponto marcante, fato este que confere uma personalidade única a cada peça ou conjunto de peças utilizada. O possível emprego destes materiais e os locais de sua aplicação são tão diversos como suas cores. A seguir, citamos algumas aplicações mais comuns:

·         Revestimento de Pisos;
·         Revestimento de Escadas;
·         Revestimento de Paredes;
·         Revestimento de Fachadas;
·         Bancadas de Pias e Lavatórios;
·         Móveis e Tampos;
·         Peças de Decoração;
·         Colunas Maciças;
·         Arte Funerária.
·         Urbanização de Praças e Jardins

Ø   Movimentação e estocagem das placas polidas

As peças de rochas ornamentais, após o polimento, devem receber um tratamento cuidadoso. Sua movimentação e estocagem ainda na marmoraria requer cuidados especiais, de extrema importância para a qualidade final do produto. Quando as peças chegam à obra, devem ser tomadas providências para que a sua movimentação e estocagem no canteiro da obra ocorram de modo a não expô-las a riscos de quebras e agressões externas.
 Deve-se ter o máximo de cuidado ao retirar uma placa da máquina, ao transportar as placas, principalmente os materiais frágeis com tela e mármores importados. O cuidado deve ser redobrado na movimentação de peças prontas, pois o custo sobre esta é em torno de três vezes maior que a placa, visto que envolveu tempo, mão de obra, insumos e matéria prima.
 A área de movimentação das peças deve ter um pavimento liso, regular, sem buracos ou imperfeições. Pisos irregulares, com buracos ou com inclinações podem gerar acidentes, quebra de placas e atraso na movimentação das peças.
 É importante que as placas de rochas, primordialmente, quando transportadas, estejam apropriadamente embaladas. Quando da impossibilidade disto ocorrer, recomenda-se os seguintes cuidados:
·          As peças, durante o transporte para o canteiro da obra, devem ser mantidas na posição vertical;
·          As peças não devem estar em contato, em qualquer de suas extremidades, verso ou anverso, com água ou umidade, ou qualquer tipo de substância agressiva, até o momento do assentamento;
·          As placas devem ser armazenadas verticalmente (figura 1), com duas ou mais tiras de espaçadores (filmes ou laminados plásticos; isopor; poliuretano expandido; polipropileno ou plástico polibolha; papéis incolores, como por exemplo: papel manteiga, papel de seda, etc.) entre elas. Quando houver impossibilidade de utilização destas tiras, deve-se evitar de algum modo o acúmulo de poeira sobre e entre as partes polidas das placas de rochas;

 








Figura 1

·         Sugere-se que o ambiente de estocagem das placas, seja de acesso restrito e controlado, tendo-se em vista a integridade e a preservação das peças, bem como sua segurança;
·         Sugere-se também que as peças sejam colocadas em local elevado em relação ao solo; e apoiadas sobre uma base ou lastro de madeira inerte (Pinus), para evitar infiltrações nas placas e a liberação de pigmentos, que manchem as peças;

·          As peças de dimensões maiores, quando houver impossibilidade de estarem embaladas, devem ser armazenadas em cavaletes, feitos com madeira inerte ou envolvidos por materiais plásticos.

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